Terceira Geração:
Condoreira:
Caracterizada pela poesia social e libertária. Essa geração sofreu a
influência de Victor Hugo e de sua poesia político-social. O termo
condoreirismo é conseguência do símbolo adotado pelos românticos: a águia
Condor.
Castro Alves: (1847-1871)
Diferente dos demais
poetas românticos, interessava-se não apenas pelo “eu”, mas também pela
realidade que o rodeava. No período em que viveu,
ainda existia a escravidão no
Brasil. O jovem baiano foi capaz de compreender as dificuldades dos negros escravizados.
Manifestou toda sua sensibilidade escrevendo versos de protesto contra a situação a qual os
negros eram submetidos. Este seu estilo contestador o tornou conhecido como o
“Poeta dos Escravos”.
Aos 21 anos de
idade, mostrou toda sua coragem ao recitar, durante uma
comemoração cívica, o “Navio Negreiro”. A contragosto, os fazendeiros ouviram-no clamar versos que denunciavam os maus tratos aos quais os negros
eram submetidos.
Além de poesia de
caráter social, este grande escritor também escreveu versos líricos-amorosos.
Poesia Social
IV – NAVIO NEGREIRO
Parte 1
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
.....................................................
Parte 2
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
.....................................................
Parte 3
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
Nas roscas da escravidão
RESPONDA NO CADERNO (não precisa copiar as perguntas)
1. A parte 2 começa com uma invocação ( um chamado). Quem o poeta invoca (chama)?
2. Ao fazer esta invocação, o poeta na verdade desejava o quê? Quem seriam na sociedade de seu tempo os responsáveis pelo sofrimento denunciado?
3. Quem são os desgraçados que o poeta cita no texto? Comprove com verso do texto.
4.Esse poema de Castro Alves é um exemplo de Literatura engajada, ou seja, literatura a serviço de uma causa. O poeta tenta sensibilizar as pessoas para o drama que representava a escravidão.
a)O que você acha: a arte (música, cinema, teatro, etc.) é um meio eficaz para denunciar problemas sociais? Justifique.
b) Cite uma ocorrência de arte que denuncia um problema social.
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
.....................................................
Parte 2
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .
.....................................................
Parte 3
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
Nas roscas da escravidão
RESPONDA NO CADERNO (não precisa copiar as perguntas)
1. A parte 2 começa com uma invocação ( um chamado). Quem o poeta invoca (chama)?
2. Ao fazer esta invocação, o poeta na verdade desejava o quê? Quem seriam na sociedade de seu tempo os responsáveis pelo sofrimento denunciado?
3. Quem são os desgraçados que o poeta cita no texto? Comprove com verso do texto.
4.Esse poema de Castro Alves é um exemplo de Literatura engajada, ou seja, literatura a serviço de uma causa. O poeta tenta sensibilizar as pessoas para o drama que representava a escravidão.
a)O que você acha: a arte (música, cinema, teatro, etc.) é um meio eficaz para denunciar problemas sociais? Justifique.
b) Cite uma ocorrência de arte que denuncia um problema social.
Sobre o poema O navio negreiro, é correto afirmar:
I. Junto de Vozes d'África, o poema épico-dramático O navio negreiro integra a obra Os escravos e vem a ser uma das principais realizações poéticas de Castro Alves;
II. O poema O navio negreiro apresenta uma finalidade estética voltada para a exacerbação romântica, cuja linguagem é pouco expressiva e voltada para a objetividade.
III. Apresenta uma finalidade política e social evidente: a erradicação da escravidão no Brasil.
IV. Faz uma recriação poética das cenas dramáticas do transporte de escravos no porão dos navios negreiros.
V. Os versos apresentam referências a costumes e crenças das tribos indígenas brasileiras, expressando um nacionalismo guerreiro e primitivo.
a) I, II e III estão corretas.
b) II e V estão corretas.
c) I, III e IV estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) I, III e V estão corretas.
Poesia
Lírico-amorosa
Cantou o amor, a mulher, a morte, o sonho;cantou a República,
o abolicionismo, a igualdade, os oprimidos. Na poesia lírico-amorosa evoluiu do
campo da idealização para a realidade. Agora temos uma mulher de carne e osso,
amor realizável, sensual, amante. Muitos poemas inspirados em seu romance com a
atriz portuguesa Eugênia Câmara.
BOA-NOITE
Boa noite,
Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas
janelas bate em cheio...
Boa noite,
Maria! É tarde... é tarde...
Não me
apertes assim contra teu seio.
Boa
noite!... E tu dizes – Boa noite.
Mas não
digas assim por entre beijos...
Mas não me
digas descobrindo o peito,
– Mar de
amor onde vagam meus desejos.
[...]
A frouxa luz
da alabastrina lâmpada
Lambe
voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me
aquecer teus pés divinos
Ao doudo
afago de meus lábios mornos.
Mulher do
meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua
alma, como a lira ao vento,
Das teclas
de teu seio que harmonias,
Que escalas
de suspiros, bebo atento!
RESPONDA
1) Qual o
desejo inicial do eu-lírico e o da Maria?
2) Como que é
retratado o amor e a mulher neste poema?
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